Mas quando se quer usar fita métrica para comparar alhos e bugalhos, tô fora. Por que fingir que podemos ser objetivos quando amamos ou odiamos? Por que fingir que podemos ser subjetivos quando medimos e comparamos? Ah, estes intelectuais do futebol...
Liguei a TV e dei de cara com Mister M. Vocês lembram, né? O cara que, nas "fantásticas" noites de domingo, revelava os segredos dos mágicos. Sintoma de uma era em que tudo está exposto, em que máscara e rosto trocam de lugar. Os bastidores passam a ser o show, o making of do making of do making of...
Ao ser alcançado pelo Mister M via TV a cabo numa insônia, me dei conta de que eu nunca o havia visto. Claro,
respingaram em mim várias imitações do Cid Moreira fazendo a locução do quadro
e a própria personagem, que todos comentavam. Assim como, mesmo sem assistir às
novelas, a gente acaba conhecendo, por via indireta, nomes e sotaques de
personagens que invadem o dia a dia.
Dias antes, eu me dera conta de que
nunca havia ouvido a tal música do Michel Teló. Nem a Dança do Kuduro.
Nunca
vi. Não entendo por que, hoje, tanta gente tanto reclama dos modismos.
Eles são bem menos avassaladores do que eram quando nossas opções de
(des)informação eram menores.
Será que eu queria me ver como me vê quem me vê como um
ícone (seja lá do que for)? Se eu fosse um profissional de mim mesmo, certamente
deveria ver. Mas... será que sou? Quero ser?
Em tempos idos, valia para a informação a equação "quanto mais, melhor". Será que ainda vale? Agora que ela é abundante e
redundante, surge outra questão: o que NÃO saber. Não creio que aquela equação
valha hoje em dia. Como não creio que valha, nesse caso, a equação
"menos é mais". Quem aí está disposto a viver sem a verdade
tranquilizadora das equações? Eu.
Questão delicada, esta da (des)informação: uma vez que sabemos algo, é inútil fingir que ignoramos. Numa das mágicas reveladas pelo Mister M, quando aberta uma caixa, flores saltavam. Um efeito de mola encolhida que é libertada. Depois, o mágico podia forçar as flores de volta para a caixa e repetir o truque... Mas quando a caixa de Pandora da informação é aberta, não há volta. Colocar a pasta de dentes de volta ao tubo? Nah, não tem volta.
Ciclicamente, no mundo da música pop, pintam momentos em que a
proficiência técnica é mal vista. Foi assim no punk e no grunge. É
engraçado
ver, nesses momentos, músicos estudados querendo acompanhar a onda,
simulando
uma inocência pra sempre perdida e escondendo sob o tapete habilidades
que
poderiam levar a novos caminhos. Por achar, equivocadamente, que técnica
e espontaneidade são incompatíveis, ficam sem nenhuma das duas. O "pior
dos mundo".
Nem barro nem tijolo.
Uma criança escrevendo poemas num quarto, um jovem projetando prédios na escola de arquitetura, um músico tocando para multidões. todas têm a mesma curva. Um ponto onde a gente começa a tirar em vez de colocar. Aí é que começa a ficar interessante: quando começamos a selecionar! Enquanto corremos na velocidade máxima que o carro permite, somos meros prisioneiros de suas limitações.
cansei de alimentar os motores
agora quero freios e airbag
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